quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Manaus


A história de Manaus está escrita nas ruas da cidades, nas casas, nos monumentos, em casarões antigos, em prédios do governos antigos que se transformaram em centros culturais. Abaixo da camada de asfalto estão as pedras que calçavam ruas e avenidas, em algumas lugares suas pontas rasgam o negro e se mostram vermelhas, cor de sangue, querem sair e gritar a todos um grito para dizer o quanto somos surdos, cegos e mudos das lutas que nessas terras se deram.

Por ocasião da vinda de um sobrinho de Coari, tive que me fazer guia turístico e levá-lo para conhecer um pouco de nossa história. Ele se admirava por nunca ter alguém que tivesse dito alguma coisa desse mundo que o deslumbrava. Do nosso bairro transformado de Aparecido e o centro re-inventado após a chegada da Zona Franca; da Manaus do auge da borracha poucas coisas sobraram.

Destruiram um mundo para outro nascer!

O que acho pior é o nosso pouco conhecimento de nossa história, de nossas lutas, de nossos antepassados. Tenho sempre me perguntado porque a negação de um mundo que quem sabe poderia nos ajudar a entender o presente? Parece haver uma intenção justificada para esconder a vivência milenar de muitos povos que aqui viveram e souberam construir civilizações que hoje se encontram empurradas para debaixo da terra.

De vez enquando os jornais estampam em suas páginas matérias de achados arqueológicos, bem a "flor do asfalto". Em poucas camadas de terras escavadas, logo aparecerem restos de vidas sepultadas, em sua grande maioria são urnas mortuárias; parecem sepultadas as pressas, por isso em terra rasa.

O quadro da postagem é uma obra prima de um artista amazonense que morou na Europa; está na hall  principal do Palácio Rio Negro, logo na entrada. O pintor retrata com alto nível profissional, com uma beleza rara, o mundo Amazônico e sua invasão cultural. São poucos os que vão para o velho mundo e não voltam com metanlidade cultural de servo do Rei e dizendo que somos colônias de terras civilizadas.

Me prometi depois desse giro de aprendiz, a pisar com mais reverência nesse solo tão sagrado, cheio de vida e esperanças para um futuro que as vezes se apresenta tão sem luz ao fim do túnel!


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